Festa da Menina Moça



Festa da Menina Moça - festa do Povo Guajajara, Aldeia Tupi-Guarani da Lagoa Quieta/MA.

Esse é um lindo ritual de passagem, um rito que comemora a menarca das meninas, um ritual matriarcal ainda existente...no Brasil, que orgulho!

É super empolgante e motivador ver rituais tão sagrados e antigos ainda preservados pelos povos originários brasileiros.

Os rituais de passagem de menarca foram praticamente extintos, isso porque a menstruação é discutida com vergonha pela maioria das sociedades. Na sociedade ocidental moderna, o rito de passagem mais próximo do da menarca é o da debutante. Porém, a festa de 15 anos possui raízes machistas, pois é a apresentação da nova mulher para a sociedade, a fim de que um marido seja apresentado a ela. Não existe qualquer celebração do poder criativo e empoderamento da nova mulher, não é ensinada nenhuma sabedoria sobre a menstruação, para a moça. Hoje, esses significados estão cada vez mais obsoletos, mas é importante conhecer suas origens e como influenciam na estruturação dos ritos sociais.

Essa é uma festa que acontece em setembro. As meninas meditam em uma oca e apenas mulheres mais velhas podem entrar nela. As cabanas são os "tamuios", simbolizam o casulo da borboleta (menina-moça), onde esta permanece até completar sua formação para a vida adulta. As meninas permanecem com uma espécie de véu que cobrem os seus rostos e contas no percoço, que mudam de cor no decorrer do ritual, de vermelho (menarca) para branco (ovulação). Outro objetivo da festa é de as meninas receberem as bénçãos dos espíritos ancestrais.

O confinamento é uma antiga prática menstrual. As mulheres, em ritos menstruais em diversos pontos do planeta, ficavam confinadas em cabanas para compartilhar sabedorias, cuidados, para meditar e evitar o contato com os homens. Os origens desse confinamento, para antropólogos que adotam teorias matriarcais, são de se preservar o poder do sangue menstrual, e no caso do isolamento das meninas em ritos de menarca, são de morte simbólica, pois não é menina nem mulher, e seu papel social está prestes a renascer.

Com o tempo, esse confinamento foi adquirindo significado de proteção contra a sujeira menstrual. O que era poderoso no sentido de belo passou a ser poderoso no sentido de perigoso e contaminante.Isso aconteceu quando as sociedades passaram a ser patriarcais e as mulheres foram perdendo staus social e direitos.

Infelizmente, as meninas Guajajara sentem cada vez menos vontade de participar da festa devido a preconceitos e outros problemas.

Precisamos salvar a diversidade cultural brasileira, protegê-la, retirar dela qualquer vestígio de pecado deixada pelos missionários que ainda visitam as aldeias indígenas com o objetivo de exterminar a cultura e conquistar fiéis, dinheiro  e poder para suas empresas religiosas. A evangelização é uma prática disfarçada de "bondade" e "caridade", mas na verdade é uma massagem ao ego de quem evangeliza, e já foi e é prática de guerra de impérios para conquista de territórios. Vemos guerras religiosas acontecendo ainda hoje em regiões como Oriente Médio, países africanos e ainda acontece em regiões amazônicas, o que traz pobreza, prostituição e violência a essas regiões. Não aceitemos! A Cultura de um povo é sua identidade, seus vínculos, suas relações, suas raízes, medicinas e são patrimônios culturais, visões únicas do mundo.

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